A dor é a manifestação primordial da vida. Tudo o que fazemos é para atenuar essa dor. A felicidade suprema seria a ausência total de dor. Eis uma tentativa de contribuição para minorar esse sentimento … Como naquela expressão inglesa: I have my moments, em resposta à pergunta, Are you happy?

quarta-feira, setembro 26, 2007

Pensamentos morffinescos sobre o Portugal actual e o Portugal possível no âmbito do “País Possível” de Ruy Belo (parte II)



Neste trecho, morffinizado, de “Morte ao Meio-Dia”, de Ruy Belo, descubram os versos acrescentados, de piada fácil.
Que me desculpem. São brincadeiras de quem tem pouco que fazer.

No meu país não acontece nada
à terra vai-se pela estrada em frente
com muito pondero e pouco siso
Novembro é quanta cor o céu consente
Se não fosse tão triste daria muito riso
às casas com que o frio abre a praça

Dezembro vibra vidros brande as folhas
a brisa sopra e corre e varre o adro menos
que o mais zeloso varredor municipal
impelido pelo espírito governamental
Mas que fazer de toda esta cor azul
De presidência temporariamente absorvida

que cobre os campos neste meu país do sul?
A gente é previdente tem saúde e assistência cala-se
e mais nada

Neste país de vestido socrático emprestado
A boca é para comer e trazer fechada
o único caminho é direito ao sol
às urnas em bloco sem medo!

Um extra (para não escrever PS) para agradecer ao Gomes, que tem toda a razão no seu comentário ao post anterior:

Dicen que no hablan las plantas, ni las fuentes ni los pájaros
ni el onda con sus rumores, ni con su brillo los astros:
lo dicen, pero no es cierto, pues siempre cuando yo paso
de mí murmuran y exclaman: -- Ahí va la loca, soñando ...


Gostei muito de conhecer melhor a Rosália de Castro.

terça-feira, setembro 18, 2007

Pensamentos sobre o Portugal actual e o Portugal possível no âmbito do “País Possível” de Ruy Belo - I


Introduz-se a obra supra com um poema de James Joyce sobre a sua Irlanda.

Uma bela introdução, tendo em conta que o povo irlandês, de herança católica, tem muito de semelhante em determinados aspectos com o povo português.

À primeira vista parece um pouco desactualizado, no que se refere à debandada transfronteiriça, mas, como sabemos, começa haver sinais de que afinal estes versos ainda se aplicam na perfeição ao nosso contexto e à nossa contingência.

O que é que me dizem?

I love my country – by herrings I do
I wish you could see what tears I weep
When I think of the emigrant train and ship

Eu amo o meu país, pelos arenques juro que amo
Gostaria que vísseis quantas lágrimas a fio
Derramo ao ver cheio de emigrantes um comboio ou um navio

James Joyce

quinta-feira, setembro 06, 2007

Regresso ao Futuro de Portugal

Depois dos 3 mesinhos de férias de verão é o regresso ao “trabalho” na escolinha. Trabalho? Há! Há! Há! Reuniõesinhas de carácácá, em que se discute o sexo dos anjos (sabendo-se já que é com as asas para a frente para não estorvar).
Alegras-nos a ideia de ouvir as saudosas doces vozes das crianças nos pátios, ansiosas pelo toque da campainha, sedentos dos vários saberes extasiantes que lhes serão proporcionados pelos “stores”, especialmente os PTs que acumulam, com prazer e sabedoria anciã, os cargos mais importantes da escola.
Que alegria pensar no trabalho gratificante da docência neste Portugal de erudita tradição e de gosto ancestral de cultura.
Ahhhh! Como será bom depois de um trabalho aprazível os interregnos deleitantes do Natal, Carnaval, Páscoa e finalmente verão, para não falar nos imensos feriados, pontes e por aí fora!
Que boa vida!
Feliz dia em que escolhi esta profissão!